FICHA TÉCNICA
Baseado na Obra de Guimarães Rosa
Direção e Texto: Edson Bueno
Atuação: Marcio Meneghell e Edson Bueno
Figurinos: Áldice Lopes
Criação de Cenário: Michelle Rodrigues e Diego Perin
Sonoplastia: Chico Nogueira
Iluminação: Edegar Júnior
Fotografias: Chico Nogueira
Produção: Elisandra Assunção
Realização: Núcleo Rindo à Toa
Esta história acontece num lugar longe, muito longe. Mas como o tempo tem ela significado um pouco diferente, este longe pode ser mais perto do que se imagina ou tão longe quanto se queira.
Quais valores éticos devem prevalecer quando a questão é de sobrevivência? Quais valores humanos devem prevalecer quando o sentimento de humanidade tem como símbolo um cavalo? Dois homens completamente diferentes tentando entender e modificar os desígnios da vida através de realidades opostas.
Uma endemia que ataca animais numa região rural, obriga um cansado e veterano veterinário o Dr. Pedrosa- cético, realista e urbano; símbolo da razão e da ciência, a aventurar-se pelos mais remotos interiores, lugares quase perdidos da civilização, procurando animais domésticos para sacrificá-los como ação de saúde pública.
Numa destas peregrinações, ele encontra um casebre perdido no meio do mundo, onde mora um homem simples e humilde, Jesualdo - o homem do interior que alimenta-se da imaginação, da fé e da emoção resiste em permitir que seu amado cavalo, Seterelâmpago, seja sacrificado. Inicia-se então uma negociação complicada, onde o veterinário tem que convencer o dono do cavalo a permitir a sua morte por uma injeção letal.
Além da simples questão que envolve matar ou não matar o animal que serve ao homem, os dois personagens se veem diante de diferenças culturais, valores pessoais e compreensão de mundo. Uma trama clássica onde o conflito nasce das dificuldades de comunicação, mais espiritual que na palavra.
Qual o limite entre a ciência e a fé? Quem tem razão, nesta discussão que envolve o racional e o emocional? Com um texto primoroso, contrapondo esses dois mundos, com a experiência de quem tem uma vida dedicada ao teatro, o curitibano Edson Bueno escreveu uma história sobre os principais aspectos que norteiam as discussões e as diferenças do mundo do hoje: a ciência e a fé.
Além da premissa fascinante, “Onde o Diabo Perdeu as Botas” também atesta o talento de Marcio Meneghell dando vida a um texto com fortes influências de Guimarães Rosa, onde o dialeto simples do homem do campo é marcado não apenas pelo sotaque, mas também pela criação de termos próprios de seu cotidiano.